Primeira carta de João
1Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos
com os nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: falamos
da Palavra, que é a Vida – 2 Porque a Vida manifestou-se, nós
vimo-la, damos testemunho dela, e vos anunciamos a Vida Eterna (Ela estava
voltada para o Pai e manifestou-se a nós). 3 O que vimos e ouvimos,
isso agora vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. A nossa
comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. (1 Jo 1,1-4). 4Escrevemos-vos
estas coisas, para que a vossa alegria seja completa.
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Para que a Comunhão seja plena· O Logos da Vida – O Verbo da Vida
· O sentido da experiência de Deus
·
Uma tríplice comunhão (entre os que
escutam o anúncio; entre os crentes, na comunidade cristã; entre os que
anunciam a mensagem e aqueles que a recebem (João 1,3).
Temos 3 níveis de
comunhão, que não são separáveis, mas vivem um dentro do outro. Podemos
defini-los assim:
1)
Comunhão sincrônica e horizontal
que diz respeito a cada Comunidade cristã, no aqui e agora, (no hoje da
história) chamada a tornar-se verdadeira comunhão entre os irmãos, distinguida
pelo amor mútuo, um tema em que a Carta retorna continuamente. Exemplos: V. Jo
3,14; 3,23; 4,7.11.
Ainda assim, podemos dizer, a alegria da vida
eterna, de uma vida que está em comunhão com Deus e entre nós.
2) Diacrônica - atravessa os tempos e nos coloca em comunhão com todos os que nos precederam, dando-nos o testemunho de sua fé em Jesus Cristo, filho de Deus, revelação do amor do Pai no dom do seu Espírito. Esta comunhão chega às testemunhas oculares e ao autor da carta. Trata-se de uma comunhão tornada possível, compartilhando a mesma fé, também pela mediação do texto escrito. O que é escrito permanece e torna possível a comunhão também através do tempo e da sucessão das diferentes gerações.
O autor da carta está bem ciente disso e
explica no prólogo: "o que vimos e
ouvimos, também o anunciamos, para que vocês também estejam em comunhão.".
Este anúncio é feito não apenas em forma oral, mas em forma escrita. Anúncio
que pode ser ouvido não só dos discípulos contemporâneos ao autor, mas de todo
crente das gerações seguintes, que podem ler e retornar, através da carta, para
ouvir o kerygma apostólico: "essas
coisas eu as escrevo, para que a vossa alegria seja perfeita ". Não é
apenas uma alegria sobre a qual estamos falando, mas é a alegria da comunhão,
entre nós, aqui e agora, e através dos tempos. Esta comunhão torna-se então um
sinal de comunhão com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.
3)
Comunhão
Trinitária, entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Uma comunhão que não
permanece fechada em si mesma, mas abre, dá-se a todos. Esta comunhão torna-se
perfeita precisamente porque se torna comunhão de Deus em nós, um dom de amor
que se abre e se comunica para nos tornar capazes de amar como somos amados.
Voltemos para 1Jo 4,7: "Caríssimos,
amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus".
Nosso amor, em particular o amor mútuo e a comunhão que se estabelece entre os
irmãos e as irmãs da comunidade cristã, é sinal da nossa comunhão com Deus: do
nosso ser gerado por ele e do nosso restante em comunhão com o Pai e o Pai Filho
e Espírito Santo.
Para continuar a
reflexão:
✓Que significa para nós Escutar, Ver, Contemplar, Tocar o Verbo da
Vida? Esses verbos tem sentido concreto em nossa vida quotidiana?✓ A Palavra de Deus que escutamos e meditamos é capaz de produzir em nós e entre nós, um espírito de comunhão? Quais os obstáculos que encontramos ou quais resistências nós colocamos à lógica e dinâmica da comunhão?
✓ Experimentamos a alegria em crer em Deus, em sentir-nos amados e de poder amar? Quais são os gestos concretos desta alegria?